O brasileiro Claudio Manoel Villaça Vanetta, que perdeu seu marido no voo MH17, visitou a fuselagem do avião na manhã desta quarta-feira (14), na Holanda. O voo foi derrubado em julho de 2014 na Ucrânia, deixando 298 mortos.
Mais de um ano depois da tragédia, o paraense disse que isso foi “uma etapa essencial no processo de luto”. “Nada podia nos ajudar mais a avançar no nosso processo de luto do que ver e tocar o avião reconstruído, como se desta vez nós pudéssemos voltar atrás no tempo e dizer adeus”, completa.
Claudio Manoel contou que nesse tempo, muitas perguntas passavam em sua cabeça. “O que realmente aconteceu com os nossos próximos? Tiveram tempo de entender, de sentir, de ter medo? Sofreram?”, questionava. Para ele, o relatório divulgado nesta terça-feira (13) e a visita à fuselagem do avião o ajudarão a “levar a vida adiante”.
Dia da tragédia
O brasileiro lembra exatamente a hora da última ligação que recebeu de seu marido, o inglês Glenn Thomas: 11h32, horário de Amsterdã. Como fazia sempre que viajava, Glenn, que era jornalista da Organização Mundial da Saúde (OMS), ligava para o companheiro logo antes de embarcar. “Ele me mandou um beijinho e disse: ‘Assim que eu chegar eu te ligo’”, conta.
Mas quem ligou para Claudio algumas horas depois foi o chefe de Glenn, para informar que o avião em que ele estava, o voo MH17 da Malaysia Airlines, havia caído na Ucrânia. Eram 17h30 em Genebra, onde Claudio mora, e ele estava tão concentrado no trabalho que ainda não tinha visto notícias sobre o acidente.
Foi assim que ficou sabendo que havia perdido o companheiro de 11 anos – “11 anos maravilhosos”, como fez questão de frisar durante toda a entrevista --, uma pessoa “com o sorriso mais lindo que o planeta já pôde fazer”.
“Ainda não parece realidade. Parece um sonho, uma brincadeira. Não consigo aceitar”, disse Claudio ao G1. Filho de uma paraense com um suíço, Claudio morou no Brasil até os 10 anos de idade, quando se mudou para o país do pai. Hoje, aos 52, trabalha no departamento financeiro de um banco em Genebra.
Ele conheceu Glenn em um restaurante japonês. “Era uma pessoa extremamente alegre, cheia de humor. Nunca vi um sorriso tão lindo. Era um sorriso mágico, que ele herdou da mãe dele”, conta.
Os dois perceberam logo que tinham muito em comum. "Tínhamos o mesmo senso de humor, o mesmo gosto pela música, por viagens, pela moda. Não precisávamos falar muito. Era uma identificação total”, conta.