Barcílio Juracán não foi salvo pelos muros da casa em que se abrigou. E nem pelo cargo de prefeito do vilarejo de Concepción, na Guatemala.
O político, de 43 anos, foi linchado no domingo por uma multidão, que ainda pôs fogo em seu corpo. O motivo: Juracán foi acusado de ser o mandante de uma tentativa de assassinato de um rival que resultou na morte de duas mulheres e em ferimentos em cinco pessoas.
O episódio causou consternação na Guatemala, um dos países mais violentos do mundo.
No mês passado, Juracán derrotou Lorenzo Sequec nas eleições para a prefeitura de Concepción, que fica a 100km ao oeste da capital Cidade da Guatemala. E obteve seu terceiro mandato. O rival, no entanto, fez uma série de acusações de corrupção ao prefeito e pediu uma investigação de suas contas.
Na manhã de domingo, Sequec e a família foram emboscados por dez homens armados enquanto viajam de carro por uma estrada local, rumo a Concepción. Uma filha e uma sobrinha do político morreram. Sequec e outras quatro pessoas escaparam com vida.
Notícias sobre o atentado se espalharam e uma multidão se formou para sair à caça de Juracán. Depois de atear fogo a casas de parentes do prefeito, a turba também incendiou carros, um restaurante e um internet café. A prefeitura também ardeu em chamas.
Muitos estavam convencidos de que o prefeito tinha "encomendado" o atentado a Sequec. Juracán tentou se esconder em uma casa de amigos, mas foi de lá arrancado pela turba e linchado, antes de ter o corpo incendiado. Seu filho, Ventura, foi ferido por um golpe de facão.
Segundo estatísticas de ONGs, nos últimos 10 anos houve 269 linchamentos na Guatemala, o que equivale a dizer que um ocorreu a cada 15 dias.
O país, que tem um dos maiores índices de homicídios do mundo, registra uma média de 15 assassinatos por dia, segundo a ONG local Grupo de Apoio Mútuo.